sábado, março 18, 2017

Impacte dos megaeventos: perceção generalizada

Logo de início, esclarecendo os menos entendidos, é importante mencionar a definição de megaeventos, sendo eles grandes eventos cuja magnitude afeta economias inteiras.
Seria importante refletir sobre a posição destes eventos face ao impacte que terá na comunidade local onde se realiza o evento. Eventualmente, no caso das infraestruturas, e onde os orçamentos de estado é implementado apenas a prol deste evento ou para produção de lucro a médio longo prazo, após ter terminado o evento, precisamos de analisar vários investimentos efetuados na comunidade, caso tenham ou não sido executados apenas para o megaevento ou também para a “prosperidade” geral da região. Esses grandes investimentos normalmente são feitos para a satisfação dos visitantes e para gerar receitas apenas durante os eventos, pois, depois destes, não havendo tanto movimento turístico, as receitas caem e a utilização das infraestruturas não é efetuada eficientemente.
Normalmente, estes eventos geram impactes profundos, a longo prazo, tanto positivos quanto negativos, sobre as comunidades de acolhimento. Por norma, os positivos perlongam-se após o término destes megaeventos.
Uma das consequências positivas destes megaeventos é a grande circulação de dinheiro, e uma grande difusão de cultura e sociabilidade entre os turistas e os locais que gera. Com a chegada do megaevento. são sempre necessários aperfeiçoamentos das vias de comunicação, e uma maior qualidade e diversidade de serviços a prestar aos novos “inquilinos” temporários dessa região. Ou seja, aumentam-se assim cargos profissionais e empregos, aumenta-se a procura de serviços; ao todo, aumentam-se os postos de trabalha e/ou os edifícios que ficam disponíveis. Positivo, também, é a promoção da localidade nos mercados turísticos que, caso todos os outros aspetos possam ser negativos, a melhor propaganda que se pode fazer será a que se exprime na satisfação de todos aqueles que passaram pelo destino em causa e gostaram.
Resumindo, durante os megaeventos aumentam-se as receitas, o movimento, os serviços e as trocas comerciais. Mas os problemas iniciam-se após o término destes eventos: as receitas baixam, os serviços são menos procurados, isto é, poderemos ter muita oferta e pouca procura. Isto pode traduzir-se no fecho de estabelecimentos, e precariedade de vários serviços.
De entre toda a análise dos aspetos que possam refletir os impactes destes eventos, aparte a que envolve estimativas dos seus potenciais gastos e receitas, acima de tudo é necessário compreender as dimensões e as fases que envolvem um evento destas dimensões: investimentos; gastos com treinamento; gastos com marketing; investimento para a construção das estruturas que serão necessárias para o evento; investimentos em infraestruturas de apoio e logística para a realização do evento; aumento dos preços de imóveis. Os impactes económicos tendem a ter uma expressão temporal de longo prazo que, caso o evento não seja bem sucedido, poderão não se manifestar tal como concebido, nomeadamente os de expressão positiva.
Em conclusão global, diria que é necessária uma reflexão sobre se os investimentos efetuados têm capacidade de ser aproveitados em prol do  desenvolvimento da região e o seu melhor aproveitamento futuro. A este propósito, temos o exemplo contrário das Olimpíadas no Brasil no ano de 2014, em que grandes investimentos efetuados nas infraestruturas estão na atualidade em desuso e com poucos cuidados, ou seja, em risco destruição dado o contexto natural e social em que o megaevento se desenvolveu.

Bruna Alberta Costa Cunha

Bibliografia:

CARVALHO, Hade de Renata, IMPACTO ECONÔMICO DE MEGAEVENTOS – O CASO COPA DO MUNDO FIFA 2014, Universidade do Minho, Braga 2010

 

[artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Património Cultural e Políticas de Desenvolvimento Regional” do curso de Mestrado em Mestrado em Património Cultural, da ICS/UMinho]

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