segunda-feira, março 06, 2017

O património como valor estratégico nacional e oportunidade de desenvolvimento

         O fenómeno da crise afetou de sobremaneira a maioria das áreas rurais. Ainda assim, o turismo tem vindo a crescer nas propostas de desenvolvimento, com vista a colmatar eventuais falhas que surjam neste contexto.  Persiste, ainda, a consciência de que as perspetivas de crescimento e evolução do setor turístico são muito favoráveis, tendo-se verificado um aumento da dotação dos Fundos Comunitários para o setor. Porém, torna-se essencial que tenhamos em linha de consideração que este crescimento deve ser realizado de forma sustentada, a vários níveis: económico e ambiental... Assim, será imprescindível a canalização destes esforços para criar produtos e serviços inovadores e diversificados. Deverá existir um reforço das parcerias estratégicas para a preservação do equilíbrio ambiental e a valorização do património cultural, aproveitando não só o potencial das regiões mas, também, configurando produtos turísticos alternativos.
         Nessa medida, concordaremos certamente que o sucesso da atividade turística está correlacionada com os recursos locais e a sua mensuração quantitativa e qualitativa. Assim, ter a consciência de que a emergência, proliferação e consolidação de novos concorrentes, paralelamente à agressividade promocional e comercial de alguns dos já estabelecidos, é um algo que importa ter subjacente à estratégia de desenvolvimento de Portugal.
         Contudo, a instabilidade económica e financeira da Europa, e a evolução do PIB, emprego e rendimento disponível aconselham prudência na projeção dos fluxos turísticos, uma vez que o património cultural constitui o ativo mais precioso de qualquer país, sobretudo daqueles que possuem percursos históricos mais antigos e cujos recursos naturais foram parcialmente esgotados com o tempo. Assim, nos últimos trinta anos, deram-se passos importantes, através das políticas de Património Cultural desenvolvidas.
         Dessa forma, fez-se a promoção deste sector através de campanhas milionárias com vista à criação de novos equipamentos culturais e patrimoniais e a adaptação a um turismo mais inclusivo. Também a “plataforma pelo património cultural” aponta diversas medidas para que o património cultural se possa constituir como uma oportunidade de futuro. Os programas eleitorais facilitaram, através da execução das políticas patrimoniais e uma política efetiva interministerial, que o património cultural tenha sido dotado de meios financeiros suficientes, em especial para os setores da cultura, educação, ambiente, urbanismo, ordenamento do território e turismo.
         Após a consulta de alguns dados, é notória a tendência crescente do saldo da balança de viagens e turismo em Portugal, assumindo o valor de 8.830,63 milhões no ano de 2016, o valor mais elevado no período entre 2000 e 2016. Muitos autores afirmam, por isso, que um dos maiores desafios da sociedade atual passa por promover um desenvolvimento centrado no Homem. Nessa medida, convém ter em linha de conta que o desenvolvimento e o turismo ocorrem em diferentes escalas (globais e locais). Há que reconhecer as tónicas e as abordagens que conduzem ao processo de desenvolvimento e ao desenvolvimento do turismo nos diversos lugares.
         Em conclusão, podemos afirmar que Portugal depende cada vez mais do turismo, e que sem o claro crescimento deste a situação vivida com a crise seria muito mais sentida. E Portugal tem, de facto, caraterísticas muito particulares que lhe possibilitam isso mesmo: a sua orla costeira, todo o património histórico-cultural e as suas paisagens. É um país, que possui uma vasta gama de recursos. No entanto, será necessário reforçar a qualidade dos serviços prestados.

Ana Margarida Ferreira Lima
 
(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano letivo 2016/17)

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