terça-feira, abril 18, 2017

Turismo Rural

Em Portugal, ao longo dos anos, tem-se verificado uma litoralização crescente da população portuguesa, levando ao abandono cada vez maior do interior, o que levou por sua vez a uma urbanização do litoral mantendo-se a ruralidade do interior.
A verdade é que com esta urbanização e com o ritmo acelerado de vida das grandes cidades, existe uma procura crescente por ambientes calmos, por um contacto maior com natureza e com a tradição rural portuguesa, verificando-se um aumento do turismo rural. Para além disso, é também uma forma de voltar a dar vida a aldeias esquecidas e envelhecidas que existem ao longo do nosso território.
Em 1986, regulamentou-se o turismo rural, sendo institucionalizadas três modalidades: turismo de habitação, turismo rural e agroturismo. Estas três modalidades oferecem diferentes experiências, desde a simples residência à participação em atividades agrícolas.
Em Portugal, registou-se um crescimento de 7% entre 2003 e 2010 nas dormidas em alojamentos rurais. De 2013 para 2014, registou-se ainda um aumento de cerca de 6%.
Esta evolução resulta principalmente da evolução do modelo de sociedade em que vivemos atualmente. A procura carateriza-se principalmente por pessoas instruídas e com poder económico em busca de genuinidade e da diferença do estilo de vida que levam nos centros urbanos. Para além disso, existe uma maior sensibilidade para as questões ligadas à saúde e a procura da natureza, abertura e recetividade às questões ecológicas, especialidades gastronómicas de cariz tradicional, valorização de autenticidade, busca de paz e tranquilidade e espaços onde possam usufruir de férias com crianças em ambientes também de instrução e sensibilização, tentando passar para as novas gerações a tradição portuguesa.
Mas o turismo rural também gera um impacto negativo: o aumento da terra agrícola dedicada às atividades turísticas, o abandono das atividades agropecuárias em prol das atividades turísticas, a perspetiva de lucro torna-se prioridade aos olhos dos empresários, ou a desconfiança por parte dos habitantes da aldeia se a gestão não for correta.
Porém, se for devidamente orientado, pode proporcionar muitos benefícios: a criação de novos empregos; a diversificação do rendimento e promoção dos produtos tradicionais; a preservação e valorização do património natural e cultural; a viabilização de uma melhor qualidade de vida local, pois melhora as infraestruturas locais, para além da geração de rendimento; a criação de novos polos turísticos; a forma como colabora na aquisição de novos conhecimentos, desenvolve o espírito de participação e parceria na comunidade rural e permite a interação social, cultural e intergeracional.
O Turismo Rural tem, então, potencial de crescimento em Portugal, e, devidamente executado e planeado, pode trazer muitas vantagens não só a nível económico, através das receitas que desta atividade resultam, como também pela descentralização das atividades turísticas, da manutenção de património e tradição e também revitalização das zonas rurais portuguesas.

Margarida Martins

(Artigo de opinião produzido no âmbito da unidade curricular “Economia do Turismo”, de opção, lecionada a alunos de vários cursos de mestrado da EEG, a funcionar no 2º semestre do ano lectivo 2016/2017)

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